sábado, 13 de novembro de 2010

Cerimônia do Chá



Olá queridos leitores e leitoras! Hoje, voltamos com a minha sessão favorita do blog, onde convidados especiais colaboram com esse espaço aqui.

Hoje o convidado é o nosso ilustre leitor e antigo correspondente, André Motta! (André, desculpa, mas eu tinha me esquecido se teu sobrenome era com um T ou dois, rsrsrs). Abração galera, e curtam a colaboração!

Sayonara!


***


Ouroboros.
Um dos símbolos mais antigos da história da humanidade. Um círculo formado por uma serpente mordendo sua própria cauda, caso você não o conheça.
E um dos jeitos mais rápidos e práticos de explicar quem sou.
Não, eu não sou uma serpente e não, eu não estou mordendo meu rabo. Pro inferno com as piadas.
Faz tempo que deixei de achar graça.

Como todo adolescente, eu me achava anormal. E no pior sentido da palavra. Realmente nunca gostei de caminhar com a massa, de ver filmes que fazem sucesso porque fazem sucesso.
Isso faz sentido?

Bem, o caso é que eu sempre achei que tinha algo de diferente. Tinha de ter, não podia aceitar que eu fosse igual àqueles idiotas.
O meu bairro não era muito agitado, de forma que passei muito tempo sem presenciar acidentes, assaltos e outras formas de violência.
(Tirando, claro, os bullyings de sempre).

Mas acho que estou divagando demais e isso pode acabar te deixando sem vontade de continuar lendo.

Colocando em palavras simples e diretas, eu posso literalmente te tirar das garras da morte.

Nessas horas eu gostaria muito de ter nascido numa família diferente, que me matriculasse em um curso de desenho ou pintura.
Eu adoraria poder mostrar a você o que eu vi.

Antes de virar a esquina, eu já estava com uma sensação estranha. Você já deve ter sentido. Uma coisa estranha na altura do peito, que não deixa dúvida nenhuma que tem alguma coisa errada.
Quando eu a virei, parecia estar vendo um filme.
As paredes das casas e a rua ficando azuis e vermelhas, bem como os rostos das pessoas que, correndo de um lado pro outro ou se esticando paradas, tentavam conseguir um ângulo melhor para assistir o “espetáculo”.

Enquanto eu mesmo tentava conseguir um ângulo pra mim, pude ir montando o quebra-cabeças com os comentários avulsos que ia ouvindo.
“...Bêbado...”
“...Imprudente...”
“...Tem a idade da minha filha...”
“...Culpa da prefeitura...”

Quando finalmente consegui ver a cena (marcas de pneu na rua levando a um carro batido em uma cerca, passando por uma ilha formada por uma garota praticamente boiando em sangue), uma outra luz estava se juntando ás duas anteriores. Três, se você contar com a luz alaranjada do Sol poente.

Ela era um azul muito pálido, quase acizentado, e vinha como um cone de cima, praticamente um holofote das nuvens.
E antes que eu pudesse me dar conta que eu era o único vendo isso, lá estava, sobre garota, o Anjo da Morte.

É claro que eu ainda não sabia que era o Ceifador em pessoa; naquele momento, para mim, era só uma pessoa muito alta, vestindo um manto escuro, com um capuz que não me deixava ver seu rosto.
Além das asas angelicais negras e da foice, óbvio.

Acho que eu tenho que admitir que ainda não sabia, mas tive quase certeza.

Conforme eu olhava sem parar para dentro de seu capuz, ele virou pra mim. Sabe aqueles sonhos em que você fica em câmera lenta?
Então, só que no caso eram apenas as pessoas e todo o resto que estavam assim. Eu só estava paralisado de medo mesmo.
Quando olhei melhor, eu pude ver linhas brancas saindo das pessoas, de mim e da garota.
Essa última linha, inclusive, estava passando pela mão esquerda do Ceifador antes de continuar dando a volta pelo corpo da garota.

Eu não sei explicar como eu fiz, eu só quis fazer. Quando vi, a linha que o Anjo estava segurando não era mais a da garota, mas uma partindo do meu braço esquerdo.

Eu não acho que alguma vez ele foi enganado por mim, já que tanto nessa quanto nas outras vezes, ele olhou pra mim, como se esperasse confirmação, antes de cortar a linha com sua foice.

Enquanto essa terceira (ou quarta) luz desaparecia, as pessoas iam voltando a se mover normalmente e o volume do burburinho ia aumentando.

“...Graças a Deus...”
“...Milagre...”

A garota ainda estava no mesmo lugar, mas tinha aberto os olhos e respirava; com dificuldade, mas respirava.
Ela parecia procurar alguém na multidão.

Ainda não tinha pensado nisso. Será que ela viu tudo o que eu vi?

Eu não esperei pra perguntar. Eu corri pra casa, meio desequilibrado.
Levei certo tempo pra me acostumar a correr com um braço inerte.

Atualmente, eu já não escuto nada nem enxergo com o olho esquerdo.
Parece pouco, mas eu tentei selecionar muito quem salvar e até se era eu quem devia estar tomando essas decisões.

Quem merce viver? Quem vai usar de verdade uma segunda chance?
Será que quem precisa de uma segunda chance para dar sentido à sua vida merece-a?

Eu queria alguém para dividir minhas dúvidas. Pra me ajudar com as minhas decisões.
Pra estar do meu lado quando a única linha que me sobrar pra barganhar for a que prende minha alma ao meu corpo.

Mas eu já vi filmes assim, li livros assim. Eu sei o que acontece caso a pessoa errada fique sabendo.
Ou eu viro cobaia, ou uma arma.
E meu dom vai perder o sentido que eu imagino que tenha.

Por essas e outras que eu amo (ou amei) a tecnologia. Não preciso ser um gênio para ter um “Plano B”.

Caso você esteja lendo isto, alguma coisa deu errado. Escolhi mal.

Só peço que você não esqueça do que leu. Não tente me encontrar, não gaste a sua 'chance' nisso.
Lembre-se apenas que houve sim uma pessoa disposta a ajudar.
E dê sentido à sua vida.
Acho que não vou poder estar lá caso você precise de uma segunda chance.


Só pra constar, eu menti duas vezes.
Continue lendo só se quiser saber mesmo.

Eu sempre gostei daqueles filme idiotas.
E eu ainda morro de
rir quando ouço aquela piada.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Por motivo de força maior...


Olá leitoras e leitores!!! Desculpem o atraso no post... olhem bem pra minha cara e vejam porque...
Catapora... sim... catapora aos 24 anos... malditas criancinhas na emergência de pediatria...

Amanhã tem post de conto! Aguardem!

Abraços e fujam da catapora!

Sayonara! o/

terça-feira, 2 de novembro de 2010

DE VOLTA!!!!


Olá queridos leitores e leitoras!!! Nós dobramos mas não quebramos!!! E, finalmente, depois de uma longa espera, os problemas técnicos foram resolvidos, e o blog pode voltar com fúria total!!!!

Aguardem novas atrações, novos colaboradores e muito mais coisas!!!!

Sério, eu já estava agoniado de não postar nada aqui!

Um grande abraço à todos e até quinta-feira, com o retorno dessa bagaça!

Sayonara!

domingo, 5 de setembro de 2010

O Bardo - Capítulo 11

Capítulo 11 - Luz na Escuridão

James acordou subitamente. Não foi nenhum barulho, toque ou sensação que o despertou. Foi como um pressentimento. Acordou bem à tempo de sacar seu sabre e defender a facada que tinha como alvo a sua garganta. No escuro da noite, divisou um vulto esguio, que o atacou mais três vezes. Três estocadas com facas longas, que o jovem conseguiu afastar de seu corpo. Ouviu, à sua esquerda, a aproximação de algo ou alguém pesado, se arrastando e, logo após, percebeu Leto se movimentando na direção do som. Por fim, Lady Sadller se levantou, esquivando-se para a direita, e sacou também seu sabre, o que James percebeu por causa do arrastar da lâmina na bainha.

O garoto foi atacado novamente pelo vulto, conseguindo mais uma vez desviar os golpes. Murmurou consigo mesmo palavras ancestrais ensinadas por Rester. A lâmina de seu sabre brilhou com uma luz branca e fria. A reentrância nas rochas que lhes servira como acampamento noturno fora iluminada. Pôde ver, à esquerda, um demônio de magma combatendo Leto. O monstro tinha um tronco humano deformado e coberto por rocha incandescente. Seus braços eram extensões pastosas do torso, bem como as pernas. A cabeça era pequena, quase sem pescoço, e tinha apenas dois olhos vermelhos e brilhantes. À direita, Lady Sadller lutava contra um soldado trajando armadura de placas, completa, com um brasão estampado em seu escudo pesado. Corvo negro sobre fundo branco.

À sua frente, a caçadora.

Trajando uma armadura completa que, apesar de cobrir todo o corpo, lhe ressaltava as curvas sensuais, estava uma mulher ruiva, de pouco mais de vinte anos. O cabelo preso numa longa trança lhe caía pelas costas, até a cintura. Empunhava duas facas longas e lhe dirigia um olhar que era um misto de luxúria e ódio. Avançou contra o rapaz novamente. James conseguiu desviar três de quatro ataques. O último lhe cortou o ombro esquerdo, fazendo seu sangue quente escorrer por todo o seu braço, até chegar em sua mão e gotejar no solo.

Ouviu um grito de dor. O soldado conseguira acertar um golpe na perna de sua mestra, que caiu se apoiando sobre um joelho. Do outro lado, Leto dançava ao redor do monstro de magma e lhe desferia vários ataques com lâminas de sombras. Focou seu olhar na mulher à sua frente. Ainda sentia sono e cansaço e medo. Sua viagem poderia ter sido um fracasso total e estaria deixando muitas pessoas à própria sorte.

-Menino, sabe que você é mais bonito do que me informaram?

A mulher lhe sorriu um sorriso assassino, avançando mais uma vez. Numa fração de segundo, James decidiu sua linha de ação. Não tentou esquivar ou bloquear. Avançou numa estocada certeira, que acertou a caçadora no lado esquerdo do peito, sobre seu coração.

A ponta da espada não atravessou a armadura.

A caçadora passou por James, tendo conseguido lhe acertar dois cortes, um de cada lado do pescoço, que só não foram suficientes para lhe rasgar as jugulares e lhe tomar a vida pela surpresa de ter sido atingida no coração. O garoto sangrava pouco dos cortes, mas respirava ofegante. Sua espada não mais brilhava. A ruiva era novamente um vulto na escuridão.

Leto atingiu um dos olhos do mosntro, que grunhiu com força, mesmo sem ter uma boca. Foi então atingido de raspão por um potente soco, que queimou o punho de sua armadura de sombras e lhe feriu o antebraço direito. Lady Sadller foi atacada mais uma vez pelo soldado, sendo derrubada no solo. O homem de armadura postou-se sobre ela, pronto para desferir o golpe final com sua lança, quando a mulher cravou a ponta do sabre sobre o pé do oponente. O soldado engasgou de dor, largando a lança e não conseguindo se manter ereto, cambaleou e caiu.

-Uma pena que seu golpe tenha ficado em minha armadura meu amor. Foi preciso, certeiro. Foi lindo. Você definitivamente merece meu beijo.

-Quem disse que sua armadura segurou meu golpe?

A ruiva arregalou seus olhos de puro espanto enquanto sentia seu peito rasgar, de dentro para fora, uma luz branca e fria emanando no local. Branca e fria como a luz que havia na espada do garoto antes do golpe, pensou. Caiu inerte no chão, esvaindo-se em sangue. James correu em auxílio de Leto, fazendo brilhar novamente seu sabre e estocando o outro olho da criatura, que grunhiu mais uma vez e tombou, desfazendo-se em uma poça de lava. Lady Sadller se levantou, dominando seu adversário e deixando-o na ponta de sua lâmina.

Leto trocou um olhar com James. Sorriu.

James caminhou na direção do soldado, removendo seu elmo. Era um homem de trinta e poucos anos, moreno, com os cabelos cortados rentes, imberbe. Chutou o elmo para longe e encostou a ponta de seu sabre na garganta do prisioneiro.

-É melhor começar a falar logo, ou não temos utilidade para você - disse Leto.

O soldado viu-se amedrontado mas, antes que pudesse dizer algo, seus olhos se reviraram, deixando apenas o branco da esclera aparecer. Uma voz gutural pareceu falar por sua boca.

-Essa marionete inútil não me serviu, e a caçadora pereceu. Mas tudo já está adiantado e seguirá como previsto. Desista, filho de Rester. Sua hora está próxima.

Os três ficaram ali parados por mais alguns instantes, enquanto o soldado estrebuchava e morria. Entreolharam-se. James mirou a montanha.

-Parece que vai ser uma longa subida. Lady... sua perna...

Leto colocou a mão sobre o ombro do rapaz.

-Quer que eu cuide dela?

A mulher olhava de um para o outro, sem entender. A compreensão tomou seu rosto quando James assentiu.

O garoto subiria sozinho até o topo.

Continua...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Como certas coisas não colam...

Olá queridos leitores e leitoras! Como vão? Depois de um tempo longe (um mês contado) eu retorno aqui com esse espaço destinado a contos, histórias, reviews, etc.

Mas primeiro, gostaria de lhes contar um desgosto recente: A operadora VIVO.

Sério, parece, nesse país, que acham que somos palhaços. Liguei várias vezes para o SAC de lá, informando o problema de que o modem da VIVO 3G me impede de conectar em alguns sites. Eles ficam dizendo "ah, é a redução de velocidade de conexão", mesmo quando eu informo que, COM INTERNET DISCADA, que é 4 vezes mais lenta, eu consigo acessar os mesmos.

A maior piada é a seguinte: fui informado que eles "não prestam suporte para sites", mesmo quando um dos sites que não consigo acessar com o modem da VIVO é... O SITE DA VIVO!

Absurdo... realmente absurdo. Dessa forma, retorno com o blog, com minha boa e velha conexão discada (que, ao contrário do inútil modem da VIVO, me permite anexar fotos ao blog).

Grande abraço a todos, e o Bardo volta no domingo!

Sayonara!

PS: A imagem é de Hawke, personagem protagonista de Dragon Age 2, jogo que eu aguardo ansiosamente! Ele usa magia do mal para acabar com pessoas quase tão ruins quanto os prestadores de serviço desse país... e pensar que se eu fizer algo parecido com meus pacientes, serei processado...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Testando o Blogspot



Olá queridos leitores e leitoras! Tudo bem com vocês? O post de hoje (totalmente fora do previsto) era pra fazer um pequeno teste. Que foi concluído com sucesso, por sinal. Aparentemente, meu modem (VIVO 3G) resolveu que eu não posso postar fotos no blog aqui. MAS, utilizando-me da boa e velha internet banda estupidamente lenta (discadona mesmo), eu consegui. Ou seja: FAIL enorme pra VIVO, enquanto eles não resolvem esse problema pra mim!

Um grande abraço e acreditem, estou trabalhando e pesquisando para fazer melhorias aqui.

Sayonara!

PS: A Foto de o Ezio, de Assassin's Creed II. Me falaram bem do jogo. Eu estou jogando o primeiro, mas achei muito repetitivo, embora não deixe de ser legalzinho.


domingo, 1 de agosto de 2010

O Bardo - Capítulo 10

Capítulo 10 - Perseguição


A floresta se fechava ao redor de James Albright. Não era natural, ele sabia. Suspeitava nem mesmo estar ali. Fazia dias que não via ou ouvia Lady Sadller ou Leto, o Assassino das Sombras. A grama entre as árvores parecia abraçar seus tornozelos como grilhões maleáveis. Caminhou sem direção, sabendo que não conseguiria se orientar, mesmo que tentasse.


James acordou. Era a terceira vez que tinha o mesmo sonho. O jovem estava no acampamento, junto com Lady Sadller, que dormia, e Leto, que mantinha-se em vigilância. Fazia já duas semanas que viajavam. Nos primeiros dias atingiram a cidade natal do garoto, apenas para descobrir uma grande devastação. Mansões queimadas, diversos corpos no chão e uma nuvem de corvos se alimentando dos restos.


Buscaram os rastros da Tropa do Corvo, mas o jovem já sabia seu destino. A prisão sobre a montanha de fogo, apesar de ninguém parecer saber onde tal estrutura ficava. Naquele quinto dia de perseguição, em meio à floresta, encontraram rastros mais consistentes, e um corpo deixado para trás. Uma mulher de meia idade com dois ferimentos profundos no peito. Tudo o que conseguiram foi escutar seu último suspiro e mais nada. Nenhuma informação. Isso frustrava Leto, que via naquela perseguição algo bondoso demais e estúpido demais.


-James... vem cá garoto... eu sei, é tua mãe... mas... sério... isso aqui não vai dar em nada... você não quer salvar o mundo? Se morrer, o mundo todo tá fodido...


O rapaz encarou o Assassino. Levantou-se e andou até ele, postando-se na sua frente. Se entreolharam por vários minutos, até que Lady Sadller pareceu despertar de seu sono. A mulher se levantou, seu punho roçando o cabo do sabre. O movimento não passou desapercebido para Leto.


-Então a senhora me mataria, por causa desse fedelho... é... parece que sou voto vencido...


James então relaxou sua postura. Estivera tenso todos os minutos que encarou Leto, aguardando um ataque do Assassino. Um ataque que não foi desferido. Os três então recolheram acampamento e seguiram viagem.


Por mais oito dias os três perseguiram os rastros da Tropa, até avistarem a montanha. Era um vulcão, logo perceberam. O calor era quase insuportável, mesmo estando ainda uns cem metros distantes da base do morro. No meio de uma trilha, visível da parte de baixo, a tropa escalava, conduzindo talvez umas sete dezenas de mulheres e crianças. James sentiu um aperto no coração. Sua mãe estava ali, e também a mulher de cabelos prateados. Sentiu algo especial por ela, mesmo sem saber quem era exatamente.


Antes que tivesse avançado, Leto segurou em seu ombro e apontou. James divisou quatro seres que nunca havia visto antes. Pareciam grandes massas vermelho-alaranjadas em princípio, mas as massas tinham braços longos e delgados.


-São Demônios de Magma. Melhor redobrarmos o cuidado. Avançaremos quando anoitecer.


James encarou Leto. Lady Sadller captou a tensão entre os dois. Ia levantar sua voz, mas Leto falou mais uma vez.


-Garoto, eu posso não ser bonzinho mas como estamos aqui juntos eu trabalho pelo bem da missão. Posso discordar, mas aceitei a ordem do seu pai. Então, não se preocupe comigo.


Enquanto aguardavam o anoitecer, os três não perceberam uma figura escondida nas sombras de uma caverna próxima.


Eles estavam sendo observados.


Continua...

terça-feira, 27 de julho de 2010

Comunicado!! - Já estava na hora!





Olá senhoras e senhores, queridos leitores e colaboradores! Finalmente, depois de uma longa ausência, esse espaço está à toda novamente! Foram alguns dias de férias e mais alguns dias tentando resolver o bug que fazia com que eu não pudesse anexar fotos nos posts (que me desanimou um bocado), mas, cá estou novamente.

Hoje, pra comemorar o retorno, uma dica de jogo para PC. Fiquem de olho nos jogos da Blizzard! Agora, com uma filial brasileira, os custos dos jogos originais ficarão muito mais baratos! Além disso, esperem um suporte mais decente para os usuários verde e amarelos.

Aguardo ansiosamente por Starcraft II - Wings of Liberty, que dará sequencia à saga que esteve nos computadores em 1995 (aquele longínquo ano...)!

Abraços à todos!

Sayonara!

PS: O Bardo retorna no próximo domingo, dia 01/08!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Comunicado!!


Olá queridos leitores e leitoras!

Tal qual um carrasco medieval empunhando um afiado machado de duas mãos, o final do meu período letivo na faculdade se aproxima. Tal qual o condenado que galga os degraus do cadafalso, eu estou realmente tenso.

Dessa forma, peço humildes desculpas, mas essa semana não haverá prosseguimento do conto "O Bardo", mais uma vez. Entretanto, nada de pânico! Na quinta-feira (dia 15/07) haverá um novo post com mais uma parte do conto!!!

Agradeço a compreensão, e peço que todos torçam para que o Imperador aponte seu polegar pra cima e que o período acabe com um saldo positivo!

Gomen à todos.

Sayonara!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Cerimônia do Chá - Resenha


Olá queridos leitores e leitoras! Hoje, uma cerimônia do chá um pouquinho diferente. Diretamente das longínquas terras de Recife, lá na terra do Sport (longínqua pra mim que sou carioca tá? Sem ofensas pra região, rsrs) uma leitora/colaboradora/amiga fez o imenso favor de, aproveitando sua tara por leitura, dedicar seu tempo à fazer uma resenha e colaborar com o blog.

Então senhoras e senhores, fiquem com o material enviado pela querida colaboradora Taynara Cardoso!


***

RAMSÉS - O FILHO DA LUZ - VOL.I


Este primeiro volume narra a trajetóia do jovem principe Ramsés. Mostra o personagem como qualquer adolescente, apesar de ser uma história antiga. Seus medos e paixões por Iset, a bela, o amor por Nefertari , além de seu grande desejo de assumir o lugar de seu pai, o grande faraó Sethi, com a sua simplicidade .

Mesmo não sendo uma regra geral Ramsés não é filho primogênito, o que faz com que Chenar, seu irmão mais velho, seja o mais " preparado ". Entretanto, Sethi treina o jovem secretamente para suceder o seu trono , levando o leitor a aprender os mistérios e a cultura egípicia, mostrando como o filho mais velho do rei faz uma aliança com menelau ,as tramas e as conspirações para que Ramsés não se torne faraó .

O herói só pode confiar em Armeni , o escriba , Setaou, o encantador de serpentes, e Moíses , seu condiscipulo hebreu .

O Livro é cheio de sedução e relata com precisão os templos dos antigos Deuses , cerimônias, descrição de lugares como Núbia , Tebas e o cotidiano de um povo que ama e respeita o seu lider .


***


Espero que todos tenham gostado. Eu, pessoalmente, fiquei com vontade de ler! Obrigadão pelo apoio e pela colaboração Tay!

PS: Peço mais uma vez desculpas aos leitores, mas o blog está me sabotando e não estou conseguindo anexar arquivos de imagem. Espero resolver isso ainda essa semana.

Obrigado à todos, e até a próxima Cerimônia do Chá!

Sayonara

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Comunicado!


Olá queridos leitores e leitoras.

Infelizmente, essa semana não haverá seguimento do conto "O Bardo". A faculdade caiu matando com trabalhos e provas, de forma que não consegui escrever o capítulo a tempo. Semana que vem o conto continua!

Na quarta-feira haverá uma participação especial, de uma leitora e mais nova colaboradora. Não deixem de conferir.

Grande abraço.

Sayonara.

terça-feira, 29 de junho de 2010

O Bardo - Capítulo 9


Capítulo 9 - A caçada

O mensageiro corria apressado, seu perseguidor muito próximo. Viajava já há dias, tentando alertar o exército de Ibehria. O Batalhão de reconhecimento ao norte havia sido totalmente aniquilado e a Tropa do Corvo atacaria a capital descendo a cordilheira de Tulkas. Se chegassem à capital, o reino seria derrotado.

O homem, alto e forte, coberto por uma capa esverdeada e usando uma armadura leve de couro, esgueirou-se para trás de uma rocha, afundando seus tornozelos na lama. Respirou fundo, aguçando seus ouvidos, tentando localizar seu perseguidor. Quando o batalhão fora destruído Ralvan se escondeu na mata e iniciou seu caminho de volta. Acreditou ter despistado todos os soldados mas, na manhã seguinte, percebeu que estava enganado.

Acordara assutado, olhando a cabeça de McDugall, seu amigo, pendurada sobre uma árvore. Estava sendo perseguido, e o caçador parecia gostar de brincar com sua presa. Sentindo-se já meio morto, o mensageiro decidiu usar todas as suas forças para chegar à capital. O inimigo era cruel, e Ralvan temeu pela segurança de seus familiares, fazendeiros que viviam próximos ao centro do reino.

Já no terceiro dia de perseguição, o mensageiro ainda não vislumbrara seu caçador. Sentia-se sempre observado. Dormia mal, poucas horas. Comia em marcha, apressado. Olhava por sobre os ombros a cada instante. Já pensava estar ficando louco, cada segundo parecendo ser seu último. Por vezes disparou flechas em pequenos animais ou em galhos que balançaram na mata ao sabor do vento. Até sua aljava ficar vazia.

Abandonou o arco e sacou sua faca longa. A sensação de apertar o cabo da arma dando-lhe certa tranquilidade. Mais cinco dias se passaram, e suas provisões acabaram. Começou a passar fome e sede, os males juntando-se ao sono e ao cansaço. Cada vez que a esperança começava a lhe abandonar, lembrava a si mesmo que faltavam apenas mais dois dias de marcha até o posto de observação mais próximo.

Faltava apenas um dia. O posto era guarnecido por uma quinzena de lanceiros e outra de arqueiros. Estaria seguro lá. Poderia entregar sua mensagem e depois descansar, protegido por trinta oficiais competentes. Perdera sua faca na trilha, tão cansado que já nem lembrava em que momento.

Felicidade. Avistou a torre de madeira e pedra, erguida em uma clareira na borda da floresta. A fumaça saindo da chaminé lhe indicando a presença dos soldados. Sentiu as lágrimas rolando de seus olhos. Ficaria vivo. Entregaria a mensagem. Salvaria o reino.

Correu os últimos metros, até a entrada da torre. Subiu as escadas até o observatório, onde ficava o posto de observação propriamente dito, a lareira e os mantimentos. Depois de subir o último degrau, deixou-se cair no piso de madeira lustrosa. Respirava pesadamente, seu rosto tocando o chão. Estava seguro.

Foi quando sentiu uma substância quente e pegajosa entre sua face e o chão. Ouviu uma voz que gelou sua espinha.

-O que eu mais gosto é desse olhar, mensageiro. É delicioso ver a esperança abandonar seus olhos. Abandonar os olhos da caça. Ficam opacos quando a presa percebe que vai morrer. Percebe que se esforçou em vão.

Ralvan ergueu a cabeça. O líquido pegajoso era sangue. No salão circular, jaziam trinta oficiais decaptados. Seus corpos empilhados próximo da lareira. As cabeças dispostas em cima de uma mesa de mogno. Sentado em uma poltrona confortável, na frente da lareira acesa, a caçadora.

Era uma mulher jovem, pouco mais de vinte anos. Os cabelos ruivos presos em uma trança até o meio de suas costas. Trajava uma armadura de placas sobrepostas que lhe caía de forma sensual, apesar de não revelar um centímetro de sua pele até o pescoço. Suas mãos estavam cruzadas sobre suas coxas, cada uma empunhando uma espécie de faca longa e lâmina levemente curvada. Gotejava sangue. Seus olhos verdes encontraram os olhos de Ralvan, e ela percebeu a opacidade.

Levantou-se.

-Obrigado mensageiro. Me proporcionou um verdadeiro prazer. Vou te conceder a minha maior dádiva para minhas presas. Você vai gostar, prometo. Eu sei que vou adorar.

Com um sorriso lascivo, a caçadora decaptou o mensageiro com um golpe limpo e rápido. Limpou as lâminas na capa do cadáver e embainhou as facas em sua cintura. Caminhou elegantemente até a cabeça, segurando-a pelos cabelos. Olhou em seus olhos.

-Isso mensageiro, é o seu prêmio. Sinta-se honrado, poucos já receberam.

A caçadora beijou os lábios do cadáver de forma voluptuosa, uma lascívia repugnante. Depois largou a cabeça sobre a mesa e desceu as escadas. Parte de sua missão estava completa. O caminho da Tropa do Corvo estava limpo. Faltava apenas um passo em sua missão.

Caçar o filho de Rester.

Continua...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Cerimônia do Chá


Olá leitoras e leitores! Tão esperada, hoje é dia da continuação do conto
Queda Livre, postado pela primeira vez na primeiríssima edição da minha querida Cerimônia do Chá.

Sem mais delongas, curtam mais um ótimo texto da nossa colaboradora Sayu! E não deixem de conferir outros textos maneiríssimos dela em seu blog
Papel Rasgado.

Queda Livre

Parte 2

Estava escuro. Rachel estendeu as mãos.

Sentiu a escuridão escorrer por entre seus dedos. O breu era palpável, semi-sólido, como uma névoa densa em sua volta. Subitamente, a cortina negra se abriu ao seu redor.

Rachel se viu no topo de um edifício, observando os carros e as pessoas lá embaixo, ao longe. Muito longe. Estava alto, e apesar de nunca ter sido acometida de qualquer fobia de altura, achou que ia cair para trás com aquela visão.

Por outro lado... Uma voz em seu ouvido lhe dizia: “Pule, vamos. Liberte-se.”

Aquilo a fez se sentir estranha. Como se estivesse ansiosa para pular, ansiosa pela liberdade do vôo derradeiro. Uma risada macabra soou em seu ouvido.

“Pule, como eu pulei. E morra sem conseguir aplacar seu desespero... Como eu morri!”

Rachel virou-se, se deparando com um rosto desfigurado, olhos injetados de sangue. Foi empurrada para o vazio...


***


A jovem policial acordou gritando em sua cama. O teto de seu quarto a fez perceber que ainda estava ali, viva, e não caindo de um edifício. Porém, o sonho tinha sido extremamente real.

Seu coração batia descompassado.

- Preciso de café... – ela murmurou consigo mesma, afastando os cobertores.

O mesmo pesadelo a atacava novamente.


***


- Hey, Rach – James cumprimentou a parceira ao vê-la chegar na delegacia. – Você parece péssima. Passou a noite acordada?

- Quem dera – A policial disse, sem emoção. Sentou-se à sua mesa e começou a mexer em papéis distraidamente, esperando esquecer seu pesadelo.

- Já estou com o relatório do legista.

Rachel suspirou. O caso do elevador lhe perturbava e lhe intrigava ao mesmo tempo.

- Que rápido.

Nesse momento, o telefone na mesa de James toca, e ele atende. Sua expressão facial muda.

- Certo. Estamos a caminho.

- O que houve? – Rachel pergunta.

- Suicídio coletivo. – James responde, pegando o casaco e se retirando, com Rachel logo atrás.


***


- O que está acontecendo com as pessoas essa semana? – A policial exclamou, olhando para a massa sangrenta embaixo de plástico preto.

Vários curiosos se amontoavam em volta da fita amarela, e James olhava um dos corpos mais de perto. Rachel não queria chegar perto deles, o que era estranho para sua profissão, em que estava acostumada a lidar com esse tipo de coisa. Ela sentia algo muito sinistro ali.

- São todas mulheres – Ele concluiu, baixando o plástico. – Devem ter se atirado do último andar, pelo estado do corpo. Interessante...

- O que pode ser interessante em uma situação dessas, James?

- Lembra muito o corpo que encontramos no elevador ontem, apesar de ser uma situação completamente diferente.

- Certo... Vou coletar depoimentos – Rachel disse, querendo se livrar da visão do pesadelo que novamente a atormentava.

Ela foi até uma mulher que estava sentada em uma ambulância, levemente histérica. Parecia que tinha acabado de tomar um calmante.

- Senhora...

A mulher virou a cabeça rapidamente, parecendo mortalmente assustada.

- Eu disse pra elas não pularem!

- Acalme-se, senhora. Conte-me o que aconteceu, com calma.

- Foi a sombra! A sombra as matou... A sombra queria suas almas para si!

Rachel olhou para o médico ao lado. Ele deu de ombros, como se dissesse que nada podia fazer. Já tinha aplicado um calmante na mulher, mas parecia não estar fazendo muito efeito. Subitamente, ela começou a gritar, histérica.

- Eu sinto! Ela está sobre nós! EU A VEJO EM VOCÊ!

Dois médicos precisaram segurar a mulher enlouquecida para aplicar um sedativo, enquanto Rachel observava, transtornada. Havia algo de sinistro ali, ela tinha certeza. Seus sonhos a alertaram disso desde o início.

Continua na próxima cerimônia do chá!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O Bardo - Capítulo 8


Capítulo 8 - Aqueles que partem e Aqueles que ficam

-Você só pode estar louco filho! é muito arriscado ir até lá novamente! No exato momento que deixar a montanha de Heller, minha proteção não estará mais sobre você e seu Seishin poderá ser rastreado! A tropa do corvo cairá sobre você num instante! Comandados por seus generais!

A voz de Rester ecoava nos salões do templo. No salão principal, James se postava de pé, frente ao seu pai. Trajando uma armadura composta por uma liga metálica leve, porém muito resistente, manto negro por sobre o corpo, sabre na cintura e mochila às costas. Olhar determinado. Rester o observava, quase com raiva. Menino tolo, colocando tudo a perder. Tudo por causa de uma mãe com quem ele viveu por minutos. Imprudência, total imprudência.

-Lorde Rester, me desculpe, mas é minha mãe. A vi, pelas flutuações do Seishin, e vou salvá-la. Não deixarei que nada de mal lhe aconteça. Eu prometi. Não posso voltar atrás com a minha palavra.

James omitiu a visão da jovem de olhos prateados. Não sabia quem era, e decidiu que poderia ser um agravante, mais um empecilho à sua partida. Gostaria de ficar e aprender mais. Entretanto, não poderia deixar sua mãe à mercê desses malditos. Além disso, essa viagem lhe seria um teste. Caso fosse derrotado, saberia que não era ele o responsável pela derrota da tropa. Seria outro então. Tinha fé em uma vitória da liberdade.

-Senhores, com todo o respeito, acho esse colóquio rude e desnecessário, - ressoou a voz metálica de Draco - se me permitem expor minha opinião. Lorde Rester, seu filho tem o direito de fazer o que bem quiser, e o senhor, como defensor do fundamento da liberdade, não pode impedí-lo. No entanto, gostaria de sugerir que seu filho não viajasse sozinho. Tomei a liberdade, inclusive, de providenciar companhia apropriada.

O portão da sala do trono se abriu, revelando uma silhueta parcialmente encoberta pelas sombras. Leto caminhava sem fazer ruído, olheiras fundas em seu rosto moldado em uma feição séria. Um calafrio percorreu o corpo de James. Era a primeira vez que via o Assassino das Sombras com uma máscara letal, olhar de assassino. Sentiu que a temperatura decaiu em alguns poucos graus enquanto o homem se aproximava, trajando sua armadura obscura.

-Cá estou, Lorde Rester, quais as ordens?

James achou estranho os modos de Leto. Observou-o. O assassino mantinha-se em retidão, encarando Rester nos olhos. O Lorde retribuiu o olhar por alguns instantes, antes de se pronunciar. Levantou-se do trono e caminhou até a janela, observando o horizonte. Finalmente, voltou-se para as pessoas no salão. Ergueu a voz.

-Draco, chame Lady Saddler. Leto, você acompanhará meu filho tolo na busca. Proteja-o com sua vida. Proteja Lady Saddler também, ela irá com vocês. Draco ficará aqui, e aguardará seu retorno. Caso tenham problemas insolúveis, mande uma mensagem e Draco irá em seu auxílio.

Lady Sadller adentrou o salão, já pronta para a viagem. Envergava uma armadura de couro batido, coberta por um manto cinzento. Às costas carregava um arco composto e à cintura um sabre. Mochila e aparatos foram largados no chão, ao seu lado. Olhou para todos os presentes.

-Estou aqui meu Lorde. Quais as ordens?

James a observou, igualmente intrigado. Então iriam todos com ele. Pra lhe proteger. Não queria colocar mais pessoas em risco, mas não desistiria de ir em auxílio de sua mãe. Prometeu à si mesmo que defenderia à todos, custasse o que custasse.

-Você acompanhará meu filho, Lady. Seja seus olhos e ouvidos, guie-o até seu objetivo. Proteja-o.

Rester quis acrescentar "Porque sabe que ele é muito importante pra mim e o amo", mas calou-se. Os três partiram de imediato, descendo a encosta da montanha, sem dificuldade, todos hábeis controladores do Seishin. O Lorde ficou no topo, observando, durante horas além do cair da noite. Em silêncio, dirigiu uma prece ao Astro Rei.

De súbito, teve uma idéia. Dirigiu-se ao interior da montanha.

Era hora de libertar a Quimera.

Continua...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Rolando os Dados - A difícil missão do mestre!


Olá senhoras e senhores roladores de dados! Como andam passando?

Nessa semana eu vim falar sobre um tema meio aleatório, mas que incorre na minha cabeça, durante a escrita de uma história ou a elaboração de uma partida de RPG.

A morte.

Dos personagens, claro. Nas histórias, diferentemente da vida, é difícil ocorrer de alguém morrer "por acaso", em um acidente sem nenhuma repercussão para a "história". Busquem em suas memórias qual filme vocês já viram que tem um tipo de morte assim.

Os filmes de aventuras fantásticas, assim como os livros, não tem mortes desnecessárias. Não, ao menos, de personagens importantes. Essas mortes geralmente tem um propósito, um objetivo pra história. Matar um personagem que o leitor não vai sentir falta e não vai se lembrar das circunstâncias do falecimento é chato, não significa nada.

Mas quando morre um personagem querido pelo leitor/jogador, em uma situação memorável, aí sim há um acréscimo no enredo.

Pessoalmente, como mestre, não gosto que os personagens morram do nada, apenas caindo em uma batalha secundária. Gosto que os jogadores sintam o risco, mas torço pra que eles vençam. Uma morte é bem aproveitada quando para um grande vilão, numa batalha épica, ou numa situação onde aquela morte permite que outros se salvem, ou que a missão seja completada. Ou ainda, quando aquela morte, por si só, cria mais e mais ganchos para histórias futuras.

Aconselho alguns filmes e livros para me fazer entender melhor. O Último Samurai faz um excelente uso desse tipo de morte, com significado, em diversas passagens. Gladiador também. São filmes que mostram um clima que eu, pessoalmente, curto em aventuras de RPG ou histórias escritas.

Pra quem gosta do oposto, existem também várias histórias com esse clima mais cru, mais realista ao extremo, mostrando certas mortes estúpidas e sem sentido, como de fato ocorre na vida real. Desses eu estou lendo Xógum, e existem várias passagens onde os samurais tratam a morte como algo banal. Além disso, acabam ocorrendo mortes tão reais quanto possível, quando, por exemplo, ocorre um abalo de terra, e cento e cinquenta e poucas pessoas são soterradas, e depois todos continuam vivendo como se nada houvesse acontecido.

Enfim, desculpem-me se divaguei demais, mas isso é um tema que recorre em mesas de jogo, e eu fico pensando qual forma de encarar a morte de personagens é a melhor.

Fantástico ou Realista?

Isso quem responde são vocês.

Sayonara.

PS: Eu tinha umas imagens maneiras pra colocar, mas o blogspot resolveu me impedir, então eu as postarei em uma outra ocasião. Gomen!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Comunicado!


Olá senhoras e senhores, queridos leitores e colaboradores.
Antes de mais nada, muito obrigado pelo apoio! Graças à ele, estou me esforçando em melhorar sempre!

Vim informar que essa semana não haverá seguimento do conto "O Bardo" por duas razões.

A primeira é que a história chegou em um ponto onde eu preciso tomar decisões que a levem para o fim, de forma que, tendo sido a minha semana passada totalmente cheia com trabalhos e testes na faculdade, ainda não consegui tomar tais decisões.

A segunda é que eu me decepcionei com um assunto pessoal, e fiquei giga-desanimado pra escrever hoje, ou tomar qualquer decisão referente à história, de forma que, se hoje eu escrevesse, haveria o grande risco de ficar uma porcaria muito grande, matando personagens que não merecem ser mortos e tudo o mais.

Assim, peço grandes desculpas e espero que todos me compreendam.

Adoro vocês! E, não esquecendo, Brasil eô, vamos com tudo! rsrs

Sayonara e gomen!

PS: Quarta-feira tem "Rolando os Dados" de novo, pros leitores que curtem RPG. Abraços!

terça-feira, 8 de junho de 2010

O Bardo - Capítulo 7


Capítulo 7 - O Último Dragão.

James estava sentado no peitoril da janela de seu quarto, localizado no salão mais alto da torre mais baixa do templo sobre a montanha de Heller. O aposento era grande e, embora com decoração simples, não deixava de ter seus luxos. Era uma sala circular, com uma cama no centro, de madeira e colchão de lã, um carpete macio cobrindo toda a extensão do piso e uma pequena fonte de pedra, na parede oposta à da janela, de onde a água brotava e escoava, por um sistema de drenagem sofisticado, de forma que a fonte, do tamanho de uma tina grande, estava sempre cheia e com água pura e gelada do monte.

O rapaz olhava para a planície de tundra, vista do alto. Era impressionante como se estendia para todas as direções, até onde seus olhos podiam acompanhar. Havia se acostumado a muitas coisas, nesses meses que se passaram. Acostumara-se à rotina pesada de treino, acordando antes do sol nascer e deitando-se muito depois do poente. Às aulas teóricas sobre o Seishin e como manipulá-lo. Às práticas incessantes em seu controle e a quase obcessão de Rester com a perfeição de seu uso. Acostumara-se à solidão, pois embora tivesse ali a companhia de sua antiga mentora, de Draco, o cavaleiro encouraçado e de Leto, o assassino das sombras, quase não conversava com nenhum deles. Tentara, é verdade, mas foram todos evasivos e lacônicos, e ele desistiu do contato.

Acostumara-se com tudo isso, mas a visão da gigantesca floresta de tundra sempre o entretinha. Era enorme, e ali, naquela janela, ele sempre viajava em pensamentos. Em como sua vida tinha sido estranha desde o início. Ser deixado no conservatório Mordecai, em regime de internato, como o bastardo de um lorde que sabia não ser seu verdadeiro pai. As lições de música com o velho Aviharas, um excelente flautista. A chegada da estranha da lira, que tornou-se sua mentora, tanto na música quanto nas artes de guerra. Sempre estranhou a necessidade dela de ensiná-lo a lutar. Agora entendia o porquê.

Desde que Aviharas falecera, levado pela idade, sua mentora, lady Saddler, intensificara os treinos. Quando o conservatório foi atacado, eles rapidamente fugiram. Quase como se ela já esperasse o ataque, James pensou, como várias vezes pensara nesse detalhe. A tropa do corvo, enegrecendo os céus e terras por onde passaram. Foi uma longa viagem até o monte Heller. Até Rester, seu verdadeiro pai. Uma viagem sofrida, onde acabou por conhecer Leto, um assassino, que fez com que o rapaz lutasse com tudo para sobreviver, até se anunciar como aliado de seu pai. O garoto ainda pensava se Leto o teria matado, caso ele tivesse falhado em se defender. Melhor não descobrir.

Seus olhos foram desviados para seu sabre, sobre a cama. Mantinha a arma afiada com esmero, cuidando dela todos os dias. Nesses meses a espada tornara-se uma extensão de seu braço. Ele sabia que agora estava muito forte e esgrimindo com velocidade. Não sabia se seria o bastante, mas acreditava que poderia ainda melhorar. Seu controle do Seishin também estava melhorando, e ele agora conseguia escalar apenas tocando nas paredes, saltar grandes distâncias e aumentar em muito a potência de seus golpes, sem ficar cansado como ficava antigamente.

Entretanto, uma coisa perturbava o jovem. Seu pai lhe falara sobre uma técnica secreta. Algo que nem o próprio Rester conseguira dominar completamente. Uma evocação que levava ao extremo os limites físicos e mentais do conjurador, e que, feita corretamente, lhe permitia destruir qualquer coisa. Entretanto, feita de forma incorreta, levava à morte daquele que tentou conjurá-la.

O Último Dragão.

James treinava com afinco, mas temia a técnica. Temia o poder dela em si, e o que faria com tamanha dádiva. Temia a morte, a falha. Mais que tudo, temia ser incapaz de ajudar os outros e cair, antes mesmo de combater. Afinal, era só um garoto, na fase de inseguranças e anseios. Foi pensando nessas coisas que encaminhou-se para sua cama e adormeceu. Um sono conturbado, com montanhas, vales, rios. Uma casa grande sendo queimada. Uma mulher bonita sendo arrastada por correntes, junto com mais duas mulheres e uma adolescente. Um homem morto no chão. Soldados de armadura conduzindo prisioneiros para um castelo de torres negras, numa grande rocha segura por correntes na boca de um vulcão. A mulher sentada em um calabouço, chorando, abraçada com as outras duas mulheres e a adolescente. A jovem olhou em seus olhos.

Subitamente acordou, sentando-se em sua cama. Sentia os pelos arrepiados, a pele como que depois de uma descarga de energia elétrica. A mão segurou o cabo do sabre. Já desperto, ainda via os olhos da garota.

Prateados.

Já desperto, ainda via a mulher vertendo lágrimas. A bela mulher que um dia lhe ninara e lhe dera o nome de James, em homenagem ao seu avô materno. A linda nobre de Ibehria que o carregara no ventre por nove meses. Inspirou fundo o ar em seu peito e se levantou, paramentando-se para a batalha.

-Mãe, espere por mim. Não vou lhe desapontar.

Continua...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Comunicado!



Aiai, queridos leitores e leitoras! Parece que o post atrasar tá virando tão habitual que eu vou considerar colocá-lo sempre na quarta-feira... mas como essa semana não será bem assim, ainda não é uma decisão definitiva!

Assim sendo, por causa de mais um infortúnio acadêmico (aliás, três - Estudo Dirigido de Psiquiatria, Trabalho de Medicina Intensiva e Trabalho de Cardiologia), o conto será postado amanhã, dia 08/06!

Espero que me perdoem. Estou me esforçando!

PS: Mais uma vez, só pra não dizer que não postei NADA relativo ao conto O Bardo, está aí um concept art do jogo Fire Emblem (O Cavaleiro Negro, ou Black Knight, para os íntimos). Esse concept serviu como base de inspiração para a aparência de Draco, o cavaleiro encouraçado (embora eu tenha visto essa imagem DEPOIS de escrever o primeiro capítulo onde ele aparece... mas achei-o tão legal, que serviu pra mim como base). Ainda não fiz minhas próprias versões de cada personagem, mas isso está em andamento. Aguardem, para as próximas semanas, um post apenas com concept arts, by me.

Agradeço o apoio e compreensão!

Sayonara!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

O Bardo - Capítulo 6


Capítulo 6 - Liberdade e Lealdade

Dentro do enorme salão, havia um trono. De espaldar reto e alto, se erguia imponente, no centro do aposento. Composto de prata maciça, era o trono de um rei, ou de um Deus. Acomodado de forma quase relapsa, um homem alto, trajando vestes cinzentas. Seus cabelos longos, soltos, caíam sobre seu peito. Tinha o nariz reto e o queixo quadrado, coberto por uma barba rente. Seus olhos, ao contrário de sua postura, encaravam, firmes, o portão duplo que conduzia até sua alcova. Era um belo aposento, ele sabia. Sustentado por doze colunas de pedra negra, as paredes cobertas por runas, que contavam uma história muito importante. A história de sua família e de sua ascendência.

A história dos Tocados.

Rester se levantou do trono, se aproximando de uma das paredes. Lembrando-se das guerras e vitórias descritas nos entalhes, sentiu sua mente divagar. Mal se deu conta de que a porta havia sido aberta, e o cavaleiro encouraçado, Draco, conduzia o jovem James até o salão. O rapaz estava encabulado, quase não erguendo os olhos do chão. A voz clara do homem de armadura fez-se ouvir.

-Lorde Rester, eu lhe trago seu filho, o jovem amo James.

O garoto, involuntariamente, levantou os olhos, encarando seu pai. O manto de Rester deixava seus braços descobertos. Eram musculosos e com algumas cicatrizes. O braço direito era coberto por tatuagens de padrões tribais. As mãos eram cobertas por luvas de couro, com aberturas para os dedos. Suas vestes desciam até seus pés, calçados com sandálias de corda. James tinha mais a impressão de observar um centurião do que um lorde. O homem fez sinal para que Draco saísse, e ambos foram deixados à sós.

-Fez boa viagem até aqui?

A pergunta, tão simples quanto inusitada, desarmou James. Aquilo era preocupação genuína, preocupação paterna. O garoto caminhou para mais perto daquele homem intrigante e olhou para as runas na parede, desviando um pouco o olhar dos fortes olhos de Rester.

-Sim, acho que sim... o que são essas runas nas paredes? Parecem familiares, mas eu não sei traduzí-las.

Rester sorriu levemente. Contou ao garoto que, dois mil anos atrás, o mundo era governado por um reinado de tirania. Toda a civilização conhecida estava à mercê de ditadores e déspotas, corruptos, inescrupulosos. Àquele tempo, Yavan, um descendente direto do Astro Rei, desceu ao solo e combateu a maldade. Aquele ser celestial venceu a batalha e livrou os povos da escravidão e opressão. Yavan então casou-se, e teve treze filhos. Esses filhos formaram clãs, e cada clã tornou-se responsável por defender um aspecto da vida. Tinham apenas uma coisa em comum. Seus olhos e cabelos prateados.

-E essas runas contam a história de Aion, o filho mais novo de Yavan, cujo clã defendia a liberdade. Ele foi traído... todos foram... por Ikezo, aquele que defendia a lealdade... irônico, não? Aion se sacrificou para salvar seus filhos, duas crianças, e os enviou para um mosteiro. Lá foram os dois treinados e desenvolveram exímias capacidades de combate. Um deles ficou no mosteiro, sendo nomeado sumo-sacerdote. O outro resolveu viajar pelo mundo, aguardando o momento em que os filhos de Ikezo tentariam desferir seu golpe derradeiro na humanidade, assim ele estaria atento, e poderia lutar para impedir que o ideal que seu pai preservava, a liberdade, fosse mais uma vez ameaçado.

Era, definitivamente, muita informação para digerir de uma só vez. James caminhou lentamente, seguindo o fluxo das runas, tentando imaginar a história fantástica que acabara de ouvir. Celestiais, filhos mais velhos e mais novos, traição. Olhou novamente para Rester, que parecia pensativo.

-Você é o outro?

O homem se sentiu cansado, momentaneamente. Velho, até, embora aparentasse apenas quarenta e poucos anos. Depois sorriu. Seu filho parecia ter bastante da perspicácia de sua linhagem. Caminhou até o trono e olhou pela grande janela que ficava na parede atrás do espaldar. Podia ver as nuvens escuras se reunindo, um presságio dos tempos por vir.

-Sim, meu filho... meu irmão, desejoso de paz, ficou no mosteiro. Sinto saudades dele. Por muitos anos viajei por terra e mar, até me estabelecer aqui. Demorou dezoito anos para que eu conseguisse construir esse templo. Aqui passei longos anos em espera e meditação. Em alerta. Sabia que era questão de tempo para que os filhos de Ikezo atacassem novamente. E tinha razão... você mesmo viu a bandeira deles.

Corvo negro sobre fundo branco.

James lembrou-se do ataque ao conservatório Mordecai. Parecia ter acontecido há uma eternidade, embora não fizesse mais do que cinco semanas. Realmente aqueles soldados eram uma ameaça importante, e se houvesse número suficiente, poderiam conquistar toda Ibehria. Tocou, involuntariamente, o cabo do sabre. Surpreendeu-se ao ver um sorriso no rosto de Rester, que pareceu perceber seu movimento.

-Aqueles sob o estandarte do corvo são uma ameaça, e cabe à nós lidar com ela... sei que foi jogado nisso contra sua vontade, meu filho, mas eu peço seu auxílio. Fique aqui, em Heller. Treine comigo por doze meses. Aprenda o que eu tenho a ensinar... aprenda a controlar e a fazer fluir o Seishin. Juntos podemos vencer o mal que se abate sobre a liberdade das pessoas.

James pensou por alguns segundos apenas. Sempre havia procurado seu lugar no mundo. Naquele mundo, onde era um filho bastardo abandonado em um conservatório. Finalmente encontrara-se, mas em um mundo diferente. Um mundo onde era o filho de um herói de guerra. Um mundo que necessitava de sua ajuda para ser salvo. O garoto sorriu. Sabia, finalmente, o que deveria fazer.

-Conte comigo, pai.

Continua...

terça-feira, 1 de junho de 2010

Comunicado!



Olá senhoras e senhores leitores! Novamente um infortúnio acadêmico se abate sobre este que vos escreve! Assim sendo, vim me desculpar pelo atraso na produção do conto "O Bardo". Aguardem que, esta quinta-feira, 03/06, ele já estará de volta!

Quanto ao último comunicado: O doce será entregue assim que possível!

E obrigado à todos pelo feedback sobre o layout do blog, a fonte, e muito obrigado pelo apoio e compreensão!

Adoro todos vocês!!

PS: Pra não dizer que eu não postei NADA sobre O Bardo, esse desenho, que eu fiz durante uma aula de microbiologia, na faculdade, foi a inspiração direta para o personagem central, James. Ele foi bastante influenciado por Vincent Valentine, de Final Fantasy VII. Cliquem na imagem para ver em maior resolução.

Sayonara.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O Bardo - Capítulo 5


Capítulo 5 - Da escuridão, uma rosa

Uma garoa se iniciou enquanto James e sua instrutora começavam sua árdua escalada. O monte Heller, ponto mais alto do reino de Ibehria, um dente rasgando a tundra da planície. A trilha, se é que podia ser chamada assim, era anárquica, irregular. Pontos de apoio eram raros e enganosos. O progresso era lento. A umidade dificultava ainda mais, como se o próprio clima tentasse impedir a escalada. O céu, ao redor, de cinza tornava-se negro e, por duas vezes, relâmpagos cortaram o firmamento.

-James! Segure-se! Ande... com calma! A queda certamente nos mataria! Concentre-se!

O jovem fazia o melhor que podia. Suas mãos sangravam, seus pés doíam, as botas já rasgadas e ele sentindo o solo rochoso arranhar seus calcanhares. Mantinha a cabeça baixa, a respiração compassada. Estava encharcado, tremia de frio. Seu estômago reclamava de fome, mas tinham deixado os suprimentos para trás. Não poderiam escalar carregando muito peso. James levava apenas seu sabre, preso ao cinto, suas vestes e sua capa de viagem.

Progrediram mais vinte ou trinta metros, e, pelo Astro Rei, pensou o rapaz, aquilo não dava indícios de estar perto do fim. Sentia-se exausto fisicamente. Mas não era isso que mais o preocupava. Carregava um mau pressentimento. Um temor maior. Sentiu-se observado durante todo o percurso através da planície, antes de chegar na base da montanha. Era como se estivesse sendo seguido, vigiado. Mesmo ali, mesmo naquela situação, a sensação de olhos pesando em sua nuca lhe atormentava. Comentara isso com sua mestra, antes de a escalada começar. Conseguiu apenas palavras ríspidas, recomendando-lhe plena atenção apenas no ato de escalar em si. Recomendou que esquecesse tal sensação.

Mas não parava. Olhava constantemente por sobre os ombros, buscando sinal de seu perseguidor. A chuva aumentara, e sua visão agora alcançava apenas três ou quatro metros. Por quatro vezes tocou o punho do sabre, mas não o sacou, sabendo que seria repreendido por sua instrutora. Estava se sentindo uma criança assutada. Uma criança não conseguiria subir nem metade do que eu já subi, pensou. Preciso continuar. Finalmente verei meu pai. Finalmente poderei saber as verdades.

-James! Cuidado!

Uma fração de segundo salvou o garoto da morte. A flecha negra passou rente sua face, cortando uma linha abaixo do olho direito. O sangue lhe escorreu farto pelo rosto. Apoiou-se com o braço esquerdo no paredão de pedra, tentando visualizar seu oponente. Uma segunda flecha voou, cravando sua capa à rocha, mas sem ferí-lo. Sacou o sabre em posição defensiva. Ouviu uma gargalhada fria, mortal.

-Com que então o filho do famoso Rester é um pequeno cãozinho assutado? Eu esperava mais de você... mas, pelo visto, me enganei.

Um homem surgiu na trilha. Era alto e esguio. Tinha os cabelos longos, presos em uma longa trança, que lhe caía pelas costas. Caminhava levemente curvado. Tinha um bonito rosto, muito alvo, com nariz reto e penetrantes olhos negros. À cintura carregava uma sacola de linho, negra, de onde brotavam talvez duas dezenas de hastes negras, suas setas. Na mão esquerda portava um belo arco longo composto, de madeira negra e fosca, recoberto por runas que brilhavam num tom escarlate. Sobre o ombro direito via-se o cabo de uma espada, que estava embainhada às suas costas. Entretanto, o que mais chamava a atenção de James era sua armadura. Era como se as sombras ao redor cobrissem seu peito, coxas, canelas, ombros, braços e punhos. Parecia absurdo, mas a escuridão parecia oscilar ao redor do homem, tomando a forma de uma couraça.

-Quem é você, que ataca escondido? Não é homem o suficiente para mostrar o rosto antes do primeiro tiro?

O recém-chegado sorriu enquanto aguardava o garoto se livrar da capa, presa à rocha. Prendeu o arco nas suas costas, sacando a espada com a mão direita. Tinha a lâmina longa, recurvada, e seu cabo não possuía guarda. Uma espada exótica e letal, pensou James. O fio recurvado faria com que o corte fosse mais extenso. O jovem avançou um passo, hesitante. O sorriso no rosto do homem de negro alargou-se ainda mais, tornando-se quase grotesco. Já não parecia mais tão belo quanto quando chegara.

-Ora, ora, ora... então o filho de Rester me desafia... ah, e pensar que eu vivi pra ver isso... pois bem cãozinho, eu aceito. Vamos ver se há fibra em você, ou se é só mais uma marca na madeira.

O recém-chegado avançou com rapidez estonteante. James quase não conseguiu bloquear o golpe. A força do ataque deixou seu braço dormente. O homem de negro arremeteu com uma estocada, à curta distância, obrigando o garoto a girar de lado para não ser atravessado pela espada. O jovem tentou um contra-ataque circular, aparado com desdém por seu adversário, que avançou ainda mais, encurtando em muito o espaço para o combate.

-Como eu esperava, você é só mais um cãozinho que se sente seguro quando tem uma espada entre você e o alvo, mas que não sabe o que fazer quando sente o bafo da morte.

James foi atingido seis vezes. Seis potentes socos. Ombro esquerdo, dois nas costelas, abdome, queixo e rosto. Foi arremessado um metro para trás, batendo de costas no paredão de pedra. Estava tonto, a visão embaçada. Não entendia como alguém podia ser tão rápido. Mal enxergara o primeiro golpe. Tentou se reequilibrar, mas foi atingido novamente, por um chute em seu flanco direito. Cambaleou dois passos para o lado, vendo-se novamente muito próximo de seu oponente. Mais um soco e, se não estivesse apoiado à rocha, teria caído no chão. Mais uma gargalhada.

-Olha só... o cão ainda continua de pé... quase imprestável, mas de pé. É impressionante, impressionante... mas não é o bastante. Sua grande habilidade de Tocado é apanhar, apanhar e apanhar?

James levantou seus olhos prateados, encarando a negritude dos olhos do oponente.

-Se for necessário...

O jovem avançou, estocando. O adversário girou habilmente para a esquerda, ficando entre James e o precipício. O jovem tentou uma arremetida com o ombro, seguida de nova esquiva e novo giro, desta vez para as costas do rapaz, que golpeou com uma cotovelada. Novo giro, nova esquiva, e o oponente estava entre James e o paredão.

James sorriu, finalmente.

-Sabe, estranho, eu ainda estou aprendendo a controlar meu Seishin, e você acaba de me dar uma ótima oportunidade de treinamento.

A mão direita do rapaz permanecia erguida, na postura utilizada para desferir a cotovelada. A mão esquerda estava cruzada à frente de seu corpo, a palma aberta na direção do adversário. O homem de negro baixou os olhos na direção de um brilho que se formara entre os dedos do rapaz. A luz branca se expandiu, atingindo-o no abdome com potência suficiente para fazer seu corpo atingir a rocha, trincando-a atrás de si. Sentiu sangue encher sua boca e vazar por seus lábios. Sangue negro e viscoso, que escorreu até pingar e manchar o solo rochoso. Sorriu.

-Chega Leto! Já basta!

Ambos os adversários olharam para o precipício, de onde vinha a voz potente e grossa. Um cavaleiro, trajando couraça metálica da cabeça aos pés, jazia estático, como se caminhasse no ar. Empunhava, com uma única mão, uma espada enorme. O rosto era um enigma, coberto pelo elmo. Virou sua cabeça para o lado, parecendo olhar para a instrutora de James. A mulher tinha um leve sorriso no rosto.

-Não acha imprudente deixar o filho de Rester cruzar espadas com esse inconsequente, Lady Saddler?

A mulher cruzou os braços frente ao corpo, deixando a cabeça pender um pouco para a direita, em uma atitude um tanto charmosa.

-Ele precisa aprender, Draco. Você, mais que ninguém, sabe que a experiência vem apenas por meio das lutas nas quais arriscamos a vida. E bem sabemos que Leto é um oponente muito interessante. Letal, eu diria.

James pareceu confuso por um instante, mas apenas isso. Postou-se com retidão, embainhando seu sabre, e viu seu oponente fazer o mesmo com sua espada. Ambos se encararam.

-Ora, ora, ora... então, filho de Rester, até que você não é de todo ruim... tem potencial. Eu sou Leto, e trabalho pro seu velho faz um certo tempo. Foi um imenso prazer participar de forma tão ativa no seu aprendizado.

Os olhos prateados pareceram sorrir, embora o jovem mantivesse o semblante sério.

-O senhor é muito bom no que faz, senhor Leto. É muito rápido e ágil. Obrigado pela oportunidade ímpar - havia uma certa ironia em sua voz, mas, se foi percebida, não foi retrucada.

O cavaleiro caminhou até a encosta rochosa, tocando o solo com suas botas. Postou-se à frente do jovem, parecendo encará-lo.

-Vamos, jovem amo. Lorde Rester o aguarda.

Os quatro caminharam, a subida parecendo mais fácil. James suspeitou que seria por alguma manipulação do Seishin empregada pelo cavaleiro. Alguns minutos depois, avistaram um templo. Parecia um pequeno forte, com um muro alto e três torres craneladas. Parecia moldado à partir da rocha bruta, como que recortado na encosta da montanha. O cavaleiro fez-se ouvir mais uma vez.

-Bem vindo, jovem amo. O Alto Lorde o esperou por muito tempo.

E, lá atrás, na trilha, onde o sangue de Leto manchou o solo, brotou uma rosa de pétalas negras. Mas isso não foi visto por nenhum deles.

Continua...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Comunicado!



Olá pessoas! Infelizmente a prova de DIP (Doenças Infecto-Parasitárias) e o estudo frenético para a mesma me impediram de produzir o capítulo dessa semana! Mas não se desesperem, caros colegas, pois o mesmo será postado essa quarta-feira (26/05)!!!!!

Agradeço o apoio e a compreensão!!!

Domo Arigatou Gozeimashita!

Sayonara!!

PS: Quem souber o diagnóstico, ganha um doce!!! Responda nos comentários!!!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Rolando os Dados - O Retorno!



Então é isso aí pessoal... Quem me conhece há mais tempo sabe que eu fazia parte de outro blog (o "temporariamente em hiato" Sub Ghadernal), onde, além de contos, eu fazia uma coluna semanal sobre RPG.

Pois bem, agora resolvi utilizar um phoenix down guardado no baú para trazer a coluna de volta. Eu sempre gostei do RPG (que eu jogo desde meus onze anos) e acho legal divulgar o jogo, e as opiniões que eu acumulei em tantas partidas.

Nesse post específico eu gostaria de trocar uma idéia sobre o fundamento número 1 do jogo: Trabalho em equipe.

Mas dessa vez, sem o enfoque "técnico" de regras e papéis de combate. Queria falar mesmo sobre as relações interpessoais dos personagens.

Sim, dos personagens.

Na maioria das mesas os jogadores utilizam seus personagens como "bonecos de um videogame", e apenas os controlam para dar golpes, resolver enigmas e falar os necessário. Isso não é errado.

Mas, em algumas mesas durante a vida (e em uma, que teve início no final do mês de abril) os jogadores acabam focando mais em interpretar seus personagens e as amizades-inimizades-pinimbas-catimbas-rivalidades-zoeiras ente eles.

Explico: meu personagem é o filho de um importante ferreiro, e o personagem do outro jogador é um ladrão que está tendo uma chance de se redimir porque o tal ferreiro resolveu lhe conceder uma oportunidade. Dessa forma, os dois estão meio que vivendo como irmãos.

O filho do ferreiro (em questão, Darian) é ultra-mega tímido com mulheres. Dessa forma, na primeira aventura que jogamos, o ladrão (Alef) ficou empurrando todas as garotas que encontramos na viagem para o jovem Darian, que corava e não sabia onde enfiar a cara. E o mais engraçado foi quando, na volta, Alef ainda fala para o pai de Darian: "olha senhor, seu filho, que garoto, arrasando corações por onde passamos".

E lá ia Darian ficar sem jeito de novo.

Em duas aventuras, já foi criado um elo, uma amizade entre os personagens. Claro que eu e o outro jogador somos amigos também, mas quando jogamos, é fácil identificar os elementos da amizade que são próprios de Darian e Alef (afinal, eu não sou lá tão tímido, e o outro jogador não é tão sacana).

Enfim, acho que isso ajuda muito a dar "cor" aos personagens. Esses tipos nunca são esquecidos.

Grande abraço a todos.

Sayonara.


PS: Pra quem não conheceu o Sub Ghadernal, e a antiga rolando os dados

Rolando os Dados

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O Bardo - Capítulo 4


Capítulo 4 - O calor de um abraço

Dois vultos caminhavam à sombra de uma mata densa, vagamente iluminados por uma lua cheia no céu. Um deles ia à frente, procurando rastros no solo. O outro caminhava mais atrás, com certa lentidão, imerso em seus pensamentos.

-James, ande. Mais um pouco e chegaremos à borda Oeste da floresta, e estaremos de frente para a planície. Dali até a montanha Heller são mais três dias de caminhada. Preciso de você atento.

O jovem apressou o passo, aproximando-se mais de sua instrutora. Sentia-se oprimido pela escuridão ao redor, e pela ausência de ruídos. Silêncio. Como se tudo ao redor o observasse, numa tocaia sem final. Seu punho tocou, por instinto, o cabo do sabre, à cintura. Lembrou-se da luz que exalara, em seu último treino, e teve vontade de acendê-lo novamente, apenas para iluminar o caminho.

-Meu pai está na montanha?

A mulher olhou-o na noite. Seus olhos prateados refletindo o luar. Encarou-o por alguns segundos, antes de voltar sua atenção à frente novamente.

-Sim, está. Desde que começamos a ser caçados, nós Tocados nos exilamos em diversos pontos do continente. Rester subiu a montanha nunca antes escalada pelos humanos. Lá ele ergueu um templo de pedra e se isolou.

James continuou caminhando pouco atrás de sua mestra. A cabeça ainda fervilhando com perguntas.

-Mas, se ele se isolou lá em cima... como ele é meu pai?

A mulher esboçou um leve sorriso sob seu capuz. Caminhou mais alguns metros em silêncio, até decidir que aquele lugar era um bom sítio para dormirem aquela noite. Parou, verificando uma pequena clareira, com a base circundada por árvores espaçadas, mas com o topo coberto por suas copas.

-Sente-se e se ajeite. Passaremos a noite aqui.

Um pouco à contragosto, por não ter obtido resposta, James sentou-se, encostando-se à uma bétula e se enrolando em sua capa de viagem, já bastante esfarrapada. Deixou o sabre encostado em seu peito, à postos. A mulher deitou-se de costas na grama, à vontade. Na cintura, ainda mantinha a bainha com o coto de sabre guardado.

-Uns quinze anos atrás, Rester desceu a montanha. Ele teve uma visão, é o que diz. Viu uma mulher muito bonita, sentada em uma sala igualmente bonita, lendo um livro. Ela estava grávida, e ele soube em sua visão que seria seu filho.

James encarou o chão por um tempo antes de levantar a voz novamente.

-Então... eu sou o resultado de uma visão... os Tocados são capazes de prever o futuro?

-Algumas vezes, criança, conseguimos ter vislumbres de possibilidades da linha do tempo. O Seishin, como eu já lhe disse, cerca a todos e é uno com todos. Alguns de nós, mais talentosos, conseguem "ler" essas flutuações no Seishin coletivo, percebendo e calculando as possibilidades e probabilidades. Rester viu o que viu, e buscou sua visão. Você é o resultado disso.

O rapaz manteve-se novamente calado por mais algum tempo. Uma dúvida remoendo dentro de si, tomando forma. Abraçou seus joelhos, aquecendo-se melhor. Mantinha seu olhar fixo em uma pequena pedra, coberta por mato. Não pôde mais se conter.

-Por que? Por que ele não me criou? Por que fugiu de volta pra sua montanha, e me deixou ser tratado como aberração... me deixou viver isolado...

A mulher sentou-se, de frente para o garoto, e abraçou-o. James, pego de surpresa, corou. Era a primeira vez que sua mestra demonstrava afeto. Seu abraço era caloroso e acolhedor. Um abraço de mãe deve ser assim, pensou o rapaz. Pôde ouvir o coração dela batendo, ritmado.

-Ah, meu querido. Rester não queria se separar de você, mas era preciso. Vocês dois teriam sido mortos, ou pior. Ele subiu para a montanha, resignado, e me mandou cuidar de você. E eu fui, com felicidade. A vida dele e a sua são muito importantes.

O garoto estava confuso. Muita informação para um dia só. Sentia-se acolhido e abandonado, resgatado e perdido. Sem notar, algumas lágrimas rolaram de seus olhos. O primeiro abraço de sua vida, de uma figura maternal. Era gostoso, não queria que acabasse.

Ali ficaram por vários minutos, até que James adormeceu. A mulher deitou-o carinhosamente na grama, e pôs-se à vigiar ao redor. Aquela criança era muito importante, pensou, e o futuro de muitos dependeria dele. Tão jovem. Uma pena. Às vezes o destino é ingrato.

Mas é o destino.

Na manhã seguinte, chegaram finalmente à grande planície, e puderam ver, ao longe, a montanha de Heller, como uma gigantesca presa brotando no meio da tundra. James observou o colosso antes de dizer, em voz baixa.

-Pai, eu estou chegando.

Continua...

domingo, 9 de maio de 2010

O Bardo - Capítulo 3


Capítulo 3 - O Rugido do Leão

Um cavaleiro cruzava a planície no fim da tarde. A tundra se desprendia do solo, arrancada pelas patas do corcel negro em potente galope. Sobre a sela, um ser encouraçado, recoberto por placas sobrepostas de metal e um elmo, tão fechado, que poderia se supor que sequer havia um homem ali.

No horizonte, uma montanha se erguia, imponente, como um dente perfurando a terra plana. O ponto culminante do continente de Ibehria, cujo topo se perdia acima das nuvens acinzentadas no firmamento. Heller, a Presa da Besta, como era conhecida. Nenhum homem jamais pôs os pés em seu topo.

Entre o monte e o cavaleiro, uma tropa marchava, um tapete negro na planície esverdeada. O estandarte era carregado em um mastro alto, e, por onde o exército passava, o solo se impregnava da sujeira e do visco de suas botas. Todos cobertos de armaduras de um metal enegrecido, com uma espada curta à cintura, um grande escudo à esquerda e uma lança longa à mão direita.

Corvo negro sobre fundo branco.

O cavaleiro encouraçado não reduziu o galope forte de seu corcel negro. Abaixou-se ainda mais na sela, colando-se ao cavalo, e aumentou a velocidade do animal. Seu braço esquerdo, pesado pelo escudo circular que carregava, pendeu e sua mão direita buscou o cabo de sua espada, em uma bainha atada à lateral de sua montaria.

A tropa avistou o cavaleiro, e os duzentos soldados entraram em formação. Cem deles formaram uma parede à frente da tropa. A aba de cada escudo se tocando, formando uma muralha sólida e as lanças passadas por cima dos bordos superiores. Uma parede de morte, que amedrontava aqueles que tentavam enfrentá-la.

Os cem soldados que estavam mais recuados fincaram as lanças no solo, baixando seus escudos e sacando, da parte de trás, arcos curtos. Os cem colocaram flechas nas cordas e miraram por alguns segundos, liberando-as e entoando o canto da morte, o som que um arco emana após ter sua corda largada.

As setas subiram em massa, descrevendo um arco e caindo em direção do cavaleiro encouraçado. Quando uma saraivada encontrava a cavalaria, fatalmente os cavalos eram mortos e seus cavaleiros eram atingidos pelas flechas e lançados ao solo.

O cavaleiro viu a movimentação de soldados e arqueiros em resposta à sua aproximação. Sorriu por baixo do elmo. Sacou a espada, manteve-se de peito aberto e urrou. Um rugido alto, que foi ouvido por toda a planície. As setas quebraram-se antes de atingir o cavaleiro, partindo-se em tantos pedaços que caíram como poeira sobre o solo.

O cavaleiro investiu contra a parede de escudos, guiando seu cavalo com os joelhos. Sua espada era tão longa que qualquer ser humano precisaria de duas mãos para brandi-la, mas o cavaleiro utilizava apenas sua mão direita. A cada balanço da espada, dois ou três soldados caíam. Amassou um elmo com seu escudo, vendo o sangue negro escorrer pela fresta danificada.

Os soldados imediatamente fizeram uma formação circular, buscando cercá-lo, mas o cavaleiro e sua montaria moviam-se com tal velocidade que os inimigos não conseguiam mantê-lo dentro do perímetro. Em instantes, vinte adversários já haviam sucumbido.

O encouraçado bradou novamente, e diversas lanças e escudos se partiram. Os soldados investiram em sua direção, mas o cavaleiro bloqueou todas as estocadas. Desferiu um golpe circular, decaptando, de uma vez, seis oponentes. Olhou ao redor, vendo-se cercado e gargalhou sob o elmo. Abriu os braços, acumulando uma energia brilhante em seu peito. Um zumbido baixo espalhou-se pela planície, desequilibrando os inimigos.

A energia se expandiu, derrubando os soldados, partindo suas armaduras, lanças e escudos. Os corpos caíram inertes sobre a tundra. O cavaleiro embainhou sua espada e pendurou o escudo no arção. Olhou em volta, observando a tropa do corvo. O problema estava se espalhando, e já era hora de resolvê-lo.

Precisava encontrar Rester. Precisava subir a Presa da Besta.

Continua...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Comunicado!

Olá leitores, amigos, companheiros, colaboradores e todos mais que passam seus olhos por esse blog de vez em quando.

Venho informar que essa semana não haverá seguimento do conto "O Bardo", pois essa me foi uma semana de pesquisa para resolver que caminho a história deveria seguir.

Mas fiquem tranquilos, que a próxima parte já está escrita, e irá ao ar domingo agora (09/05)!!

Agradeço o apoio!!

Grande abraço e Sayonara!

sábado, 24 de abril de 2010

O Bardo - Capítulo 2


Capítulo 2 - Um muro que cai

Um sabre cortou o ar, fazendo um som característico, passando centímetros acima da cabeça de James Albright, que se abaixou no último momento. Ele girou sobre seus calcanhares para a esquerda, desferindo um ataque circular contra sua oponente, que aparou facilmente.

-Quantas vezes vou ter que repetir James? Golpes circulares são muito amplos e fáceis de defender! Use golpes de ponta!

James encarou sua professora. Ele era alto, para um garoto de quatorze anos, mas sua professora era maior. Esguia, a pele alva e os olhos e cabelos prateados. Aquela estranha que chegara numa tarde de outono era muito habilidosa.

-Pode me dizer, de uma vez por todas, por que, pelo Astro Rei, eu preciso aprender a usar espadas? Isso é uma droga de um conservatório! Eu devia estar aqui aprendendo a tocar alaúde!

Um golpe se desenhou à sua frente e ele ergueu a espada, aparando-o. A força do impacto deixou seu ombro dormente e a ponta de sua lâmina pendeu na direção do solo. Recuou dois passos, ofegando e mantendo a cabeça erguida, os olhos nos olhos dela. Por vezes pensava se ela o mataria durante os treinos. Concluiu que não queria descobrir essa resposta.

Os olhos dela eram frios. Olhos de assassina, lhe dissera certa vez o velho Aviharas. Fora um bom homem. Pena que todas as vidas acabam um dia. A mente do jovem viajou por instantes até uma noite de inverno, três anos atrás. Viu novamente as chamas da pira funerária, as lágrimas no seu rosto e o silêncio dela. Às vezes essa frieza o irritava.

-James, - a mulher quebrou o silêncio - você precisa entender que cada coisa que lhe ensino é muito importante. Vital. Você é especial e carrega sangue especial dentro de si. Agora ande, aprenda!

A mulher desferiu uma sequência de estocadas com sua espada e o rapaz esquivou-se de cada golpe, gingando para direita e esquerda. Inspirou o ar dentro dos pulmões. Estava irritado. Aquelas coisas que ela falava nunca faziam sentido. Recuou mais uma vez, preparando ele próprio uma investida. Aguardou a fração correta de segundo. Investiu.

A lâmina de seu sabre iluminou-se como que por mágica, reluzindo com um brilho branco e puro. Forte. A mulher surpreendeu-se apenas por um instante. Notou que não poderia esquivar-se e bloqueou o golpe com sua espada. O som foi de vidro se quebrando, quando a espada da mestra partiu-se em vários pedaços, o ponto onde a lâmina do aprendiz acertara virando poeira metálica.

Silêncio entre ambos. James ofegava, incrédulo. A mulher tinha no rosto um pequeno sorriso de perplexidade. Guardou o coto de sua espada de volta à bainha. Assumiu uma postura ereta, porém minimamente relaxada. O rapaz deixou a espada, que agora retornara ao normal, pender para a grama e a olhou, em busca de respostas.

-E agora, James Albright... finalmente entende que é especial?

O rapaz à fitou por longos segundos antes de responder.

-O que, pelo Astro Rei e pelos súditos, foi isso que eu fiz?

-Você guiou a energia do Seishin. As pessoas chamam de espírito ou alma. A energia que flui por todos os seres vivos, nos cerca e nos penetra. Os Tocados têm essa habilidade, e é por isso que nós sempre fomos, e seremos importantes nos dias vindouros.

James estava confuso. Embainhou seu sabre. Sua cabeça jorrando centenas de perguntas. Queria saber de onde viera essa habilidade. Qual o evento que determinara ele ser um Tocado. Queria saber como aquela mulher sabia tanta coisa.

Desejou ter Aviharas por perto. O velho mestre o confortava com sua música.

O devaneio do rapaz foi interrompido pelo som de uma explosão, seguido pela visão do muro leste do conservatório desmoronando. Uma fumaça negra cobria o horizonte, como se, de repente, o tempo virasse e fosse anunciada chuva.

Mas a fumaça não era uma nuvem de chuva, e sim um gás corrupto, exalando um cheiro enjoativo e sulfuroso. James arregalou os olhos e viu, à distância, pelo menos cinquenta homens marchando na direção do lugar. Trajavam todos negro, e dois deles carregavam estandartes.

Corvo negro sobre fundo branco.

A mulher apressou-se em agarrar o garoto pelo pulso e correr com ele. James seguiu o fluxo, confiando em sua mestra. Tomaram o caminho oposto ao dos invasores, se esgueirando por entre árvores, buscando bosques mais densos. Correram em ritmo acelerado, carregando apenas suas armas de treino. Jim lamentou deixar seu bonito alaúde de carvalho no conservatório. Presente de Aviharas. Sua primeira baixa nessa invasão inesperada.

Pararam horas depois, numa reentrância em um barranco coberto de lama e musgo. Sentaram-se um próximo do outro, quase sem fazer barulho. James sentiu fome e cansaço. O suor escorria por sua face. Os olhos de ambos se encontraram.

-Ande James, recupere suas forças. Foi mais cedo do que eu esperava, mas está na hora de você conhecer seu pai.

Continua...