terça-feira, 29 de junho de 2010

O Bardo - Capítulo 9


Capítulo 9 - A caçada

O mensageiro corria apressado, seu perseguidor muito próximo. Viajava já há dias, tentando alertar o exército de Ibehria. O Batalhão de reconhecimento ao norte havia sido totalmente aniquilado e a Tropa do Corvo atacaria a capital descendo a cordilheira de Tulkas. Se chegassem à capital, o reino seria derrotado.

O homem, alto e forte, coberto por uma capa esverdeada e usando uma armadura leve de couro, esgueirou-se para trás de uma rocha, afundando seus tornozelos na lama. Respirou fundo, aguçando seus ouvidos, tentando localizar seu perseguidor. Quando o batalhão fora destruído Ralvan se escondeu na mata e iniciou seu caminho de volta. Acreditou ter despistado todos os soldados mas, na manhã seguinte, percebeu que estava enganado.

Acordara assutado, olhando a cabeça de McDugall, seu amigo, pendurada sobre uma árvore. Estava sendo perseguido, e o caçador parecia gostar de brincar com sua presa. Sentindo-se já meio morto, o mensageiro decidiu usar todas as suas forças para chegar à capital. O inimigo era cruel, e Ralvan temeu pela segurança de seus familiares, fazendeiros que viviam próximos ao centro do reino.

Já no terceiro dia de perseguição, o mensageiro ainda não vislumbrara seu caçador. Sentia-se sempre observado. Dormia mal, poucas horas. Comia em marcha, apressado. Olhava por sobre os ombros a cada instante. Já pensava estar ficando louco, cada segundo parecendo ser seu último. Por vezes disparou flechas em pequenos animais ou em galhos que balançaram na mata ao sabor do vento. Até sua aljava ficar vazia.

Abandonou o arco e sacou sua faca longa. A sensação de apertar o cabo da arma dando-lhe certa tranquilidade. Mais cinco dias se passaram, e suas provisões acabaram. Começou a passar fome e sede, os males juntando-se ao sono e ao cansaço. Cada vez que a esperança começava a lhe abandonar, lembrava a si mesmo que faltavam apenas mais dois dias de marcha até o posto de observação mais próximo.

Faltava apenas um dia. O posto era guarnecido por uma quinzena de lanceiros e outra de arqueiros. Estaria seguro lá. Poderia entregar sua mensagem e depois descansar, protegido por trinta oficiais competentes. Perdera sua faca na trilha, tão cansado que já nem lembrava em que momento.

Felicidade. Avistou a torre de madeira e pedra, erguida em uma clareira na borda da floresta. A fumaça saindo da chaminé lhe indicando a presença dos soldados. Sentiu as lágrimas rolando de seus olhos. Ficaria vivo. Entregaria a mensagem. Salvaria o reino.

Correu os últimos metros, até a entrada da torre. Subiu as escadas até o observatório, onde ficava o posto de observação propriamente dito, a lareira e os mantimentos. Depois de subir o último degrau, deixou-se cair no piso de madeira lustrosa. Respirava pesadamente, seu rosto tocando o chão. Estava seguro.

Foi quando sentiu uma substância quente e pegajosa entre sua face e o chão. Ouviu uma voz que gelou sua espinha.

-O que eu mais gosto é desse olhar, mensageiro. É delicioso ver a esperança abandonar seus olhos. Abandonar os olhos da caça. Ficam opacos quando a presa percebe que vai morrer. Percebe que se esforçou em vão.

Ralvan ergueu a cabeça. O líquido pegajoso era sangue. No salão circular, jaziam trinta oficiais decaptados. Seus corpos empilhados próximo da lareira. As cabeças dispostas em cima de uma mesa de mogno. Sentado em uma poltrona confortável, na frente da lareira acesa, a caçadora.

Era uma mulher jovem, pouco mais de vinte anos. Os cabelos ruivos presos em uma trança até o meio de suas costas. Trajava uma armadura de placas sobrepostas que lhe caía de forma sensual, apesar de não revelar um centímetro de sua pele até o pescoço. Suas mãos estavam cruzadas sobre suas coxas, cada uma empunhando uma espécie de faca longa e lâmina levemente curvada. Gotejava sangue. Seus olhos verdes encontraram os olhos de Ralvan, e ela percebeu a opacidade.

Levantou-se.

-Obrigado mensageiro. Me proporcionou um verdadeiro prazer. Vou te conceder a minha maior dádiva para minhas presas. Você vai gostar, prometo. Eu sei que vou adorar.

Com um sorriso lascivo, a caçadora decaptou o mensageiro com um golpe limpo e rápido. Limpou as lâminas na capa do cadáver e embainhou as facas em sua cintura. Caminhou elegantemente até a cabeça, segurando-a pelos cabelos. Olhou em seus olhos.

-Isso mensageiro, é o seu prêmio. Sinta-se honrado, poucos já receberam.

A caçadora beijou os lábios do cadáver de forma voluptuosa, uma lascívia repugnante. Depois largou a cabeça sobre a mesa e desceu as escadas. Parte de sua missão estava completa. O caminho da Tropa do Corvo estava limpo. Faltava apenas um passo em sua missão.

Caçar o filho de Rester.

Continua...

4 comentários:

Rodox disse...

Queridos leitores! Me desculpem pelo atraso! A faculdade cai matando, mas eu estou me esforçando bastante!
Obrigado pelo apoio de todos e boa leitura!!

Marcus disse...

Cara essa mulher é mt má... adorei a forma de torturar o mensageiro, chega a dar pena...
Po vc pretende desenhar essa mulher??
se for desenhar, faça uma obra de arte igual a descrição dela, pq ela ta maneira d+
Parabéns como sempre mt boa história...

Rodolfo disse...

@Marcus - Pode deixar que vou dar meu melhor para desenhá-la!!!

@Lorena - eeeeeeeeeeeeeeee, me sinto honradíssimo!!!!! Meu feeeeeeeed!!! rsrsrsrsrsrsrsrs
Obrigado à todos pelo apoio!!!

Sayu disse...

adorei a ruiva má! adoro duas armas também! a aparência e o jeito dela ficaram fodas :B~

espero uma grande batalha *-*

ah, um dia você mostrará um mapa? eu fico muito confusa com descrições geográficas XDD

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