sábado, 24 de abril de 2010

O Bardo - Capítulo 2


Capítulo 2 - Um muro que cai

Um sabre cortou o ar, fazendo um som característico, passando centímetros acima da cabeça de James Albright, que se abaixou no último momento. Ele girou sobre seus calcanhares para a esquerda, desferindo um ataque circular contra sua oponente, que aparou facilmente.

-Quantas vezes vou ter que repetir James? Golpes circulares são muito amplos e fáceis de defender! Use golpes de ponta!

James encarou sua professora. Ele era alto, para um garoto de quatorze anos, mas sua professora era maior. Esguia, a pele alva e os olhos e cabelos prateados. Aquela estranha que chegara numa tarde de outono era muito habilidosa.

-Pode me dizer, de uma vez por todas, por que, pelo Astro Rei, eu preciso aprender a usar espadas? Isso é uma droga de um conservatório! Eu devia estar aqui aprendendo a tocar alaúde!

Um golpe se desenhou à sua frente e ele ergueu a espada, aparando-o. A força do impacto deixou seu ombro dormente e a ponta de sua lâmina pendeu na direção do solo. Recuou dois passos, ofegando e mantendo a cabeça erguida, os olhos nos olhos dela. Por vezes pensava se ela o mataria durante os treinos. Concluiu que não queria descobrir essa resposta.

Os olhos dela eram frios. Olhos de assassina, lhe dissera certa vez o velho Aviharas. Fora um bom homem. Pena que todas as vidas acabam um dia. A mente do jovem viajou por instantes até uma noite de inverno, três anos atrás. Viu novamente as chamas da pira funerária, as lágrimas no seu rosto e o silêncio dela. Às vezes essa frieza o irritava.

-James, - a mulher quebrou o silêncio - você precisa entender que cada coisa que lhe ensino é muito importante. Vital. Você é especial e carrega sangue especial dentro de si. Agora ande, aprenda!

A mulher desferiu uma sequência de estocadas com sua espada e o rapaz esquivou-se de cada golpe, gingando para direita e esquerda. Inspirou o ar dentro dos pulmões. Estava irritado. Aquelas coisas que ela falava nunca faziam sentido. Recuou mais uma vez, preparando ele próprio uma investida. Aguardou a fração correta de segundo. Investiu.

A lâmina de seu sabre iluminou-se como que por mágica, reluzindo com um brilho branco e puro. Forte. A mulher surpreendeu-se apenas por um instante. Notou que não poderia esquivar-se e bloqueou o golpe com sua espada. O som foi de vidro se quebrando, quando a espada da mestra partiu-se em vários pedaços, o ponto onde a lâmina do aprendiz acertara virando poeira metálica.

Silêncio entre ambos. James ofegava, incrédulo. A mulher tinha no rosto um pequeno sorriso de perplexidade. Guardou o coto de sua espada de volta à bainha. Assumiu uma postura ereta, porém minimamente relaxada. O rapaz deixou a espada, que agora retornara ao normal, pender para a grama e a olhou, em busca de respostas.

-E agora, James Albright... finalmente entende que é especial?

O rapaz à fitou por longos segundos antes de responder.

-O que, pelo Astro Rei e pelos súditos, foi isso que eu fiz?

-Você guiou a energia do Seishin. As pessoas chamam de espírito ou alma. A energia que flui por todos os seres vivos, nos cerca e nos penetra. Os Tocados têm essa habilidade, e é por isso que nós sempre fomos, e seremos importantes nos dias vindouros.

James estava confuso. Embainhou seu sabre. Sua cabeça jorrando centenas de perguntas. Queria saber de onde viera essa habilidade. Qual o evento que determinara ele ser um Tocado. Queria saber como aquela mulher sabia tanta coisa.

Desejou ter Aviharas por perto. O velho mestre o confortava com sua música.

O devaneio do rapaz foi interrompido pelo som de uma explosão, seguido pela visão do muro leste do conservatório desmoronando. Uma fumaça negra cobria o horizonte, como se, de repente, o tempo virasse e fosse anunciada chuva.

Mas a fumaça não era uma nuvem de chuva, e sim um gás corrupto, exalando um cheiro enjoativo e sulfuroso. James arregalou os olhos e viu, à distância, pelo menos cinquenta homens marchando na direção do lugar. Trajavam todos negro, e dois deles carregavam estandartes.

Corvo negro sobre fundo branco.

A mulher apressou-se em agarrar o garoto pelo pulso e correr com ele. James seguiu o fluxo, confiando em sua mestra. Tomaram o caminho oposto ao dos invasores, se esgueirando por entre árvores, buscando bosques mais densos. Correram em ritmo acelerado, carregando apenas suas armas de treino. Jim lamentou deixar seu bonito alaúde de carvalho no conservatório. Presente de Aviharas. Sua primeira baixa nessa invasão inesperada.

Pararam horas depois, numa reentrância em um barranco coberto de lama e musgo. Sentaram-se um próximo do outro, quase sem fazer barulho. James sentiu fome e cansaço. O suor escorria por sua face. Os olhos de ambos se encontraram.

-Ande James, recupere suas forças. Foi mais cedo do que eu esperava, mas está na hora de você conhecer seu pai.

Continua...

4 comentários:

Sayu disse...

TAN DAN DAAAAAAAN O______________________O

Marcus disse...

Mto bom garoto...
continue assim...
cada vez melhor...

Rodolfo disse...

@Sayu - o.O rsrsrsrs
@Marcus - Obrigado pelo apoio cara, significa muito mesmo!
PS: RPG de quarta foi irado!

tainara elektra disse...

ficou muito bom mesmo ....

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