domingo, 9 de maio de 2010

O Bardo - Capítulo 3


Capítulo 3 - O Rugido do Leão

Um cavaleiro cruzava a planície no fim da tarde. A tundra se desprendia do solo, arrancada pelas patas do corcel negro em potente galope. Sobre a sela, um ser encouraçado, recoberto por placas sobrepostas de metal e um elmo, tão fechado, que poderia se supor que sequer havia um homem ali.

No horizonte, uma montanha se erguia, imponente, como um dente perfurando a terra plana. O ponto culminante do continente de Ibehria, cujo topo se perdia acima das nuvens acinzentadas no firmamento. Heller, a Presa da Besta, como era conhecida. Nenhum homem jamais pôs os pés em seu topo.

Entre o monte e o cavaleiro, uma tropa marchava, um tapete negro na planície esverdeada. O estandarte era carregado em um mastro alto, e, por onde o exército passava, o solo se impregnava da sujeira e do visco de suas botas. Todos cobertos de armaduras de um metal enegrecido, com uma espada curta à cintura, um grande escudo à esquerda e uma lança longa à mão direita.

Corvo negro sobre fundo branco.

O cavaleiro encouraçado não reduziu o galope forte de seu corcel negro. Abaixou-se ainda mais na sela, colando-se ao cavalo, e aumentou a velocidade do animal. Seu braço esquerdo, pesado pelo escudo circular que carregava, pendeu e sua mão direita buscou o cabo de sua espada, em uma bainha atada à lateral de sua montaria.

A tropa avistou o cavaleiro, e os duzentos soldados entraram em formação. Cem deles formaram uma parede à frente da tropa. A aba de cada escudo se tocando, formando uma muralha sólida e as lanças passadas por cima dos bordos superiores. Uma parede de morte, que amedrontava aqueles que tentavam enfrentá-la.

Os cem soldados que estavam mais recuados fincaram as lanças no solo, baixando seus escudos e sacando, da parte de trás, arcos curtos. Os cem colocaram flechas nas cordas e miraram por alguns segundos, liberando-as e entoando o canto da morte, o som que um arco emana após ter sua corda largada.

As setas subiram em massa, descrevendo um arco e caindo em direção do cavaleiro encouraçado. Quando uma saraivada encontrava a cavalaria, fatalmente os cavalos eram mortos e seus cavaleiros eram atingidos pelas flechas e lançados ao solo.

O cavaleiro viu a movimentação de soldados e arqueiros em resposta à sua aproximação. Sorriu por baixo do elmo. Sacou a espada, manteve-se de peito aberto e urrou. Um rugido alto, que foi ouvido por toda a planície. As setas quebraram-se antes de atingir o cavaleiro, partindo-se em tantos pedaços que caíram como poeira sobre o solo.

O cavaleiro investiu contra a parede de escudos, guiando seu cavalo com os joelhos. Sua espada era tão longa que qualquer ser humano precisaria de duas mãos para brandi-la, mas o cavaleiro utilizava apenas sua mão direita. A cada balanço da espada, dois ou três soldados caíam. Amassou um elmo com seu escudo, vendo o sangue negro escorrer pela fresta danificada.

Os soldados imediatamente fizeram uma formação circular, buscando cercá-lo, mas o cavaleiro e sua montaria moviam-se com tal velocidade que os inimigos não conseguiam mantê-lo dentro do perímetro. Em instantes, vinte adversários já haviam sucumbido.

O encouraçado bradou novamente, e diversas lanças e escudos se partiram. Os soldados investiram em sua direção, mas o cavaleiro bloqueou todas as estocadas. Desferiu um golpe circular, decaptando, de uma vez, seis oponentes. Olhou ao redor, vendo-se cercado e gargalhou sob o elmo. Abriu os braços, acumulando uma energia brilhante em seu peito. Um zumbido baixo espalhou-se pela planície, desequilibrando os inimigos.

A energia se expandiu, derrubando os soldados, partindo suas armaduras, lanças e escudos. Os corpos caíram inertes sobre a tundra. O cavaleiro embainhou sua espada e pendurou o escudo no arção. Olhou em volta, observando a tropa do corvo. O problema estava se espalhando, e já era hora de resolvê-lo.

Precisava encontrar Rester. Precisava subir a Presa da Besta.

Continua...

3 comentários:

Marcus disse...

Como sempre, mto boa...

Rodolfo disse...

@Marcus - Obrigado pelo apoio cara! Valeu mesmo!

tainara elektra disse...

povo atrasado é assim mesmo (no caso eu rsrsrs..)tem que aconpanhar os capítulos pq senão se perde totalmente.mais parabéns como sempre impecável nas sequências.
bjus !!!!

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